segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Fogo Morto (José Lins do Rego)

Acabei de ler "Fogo Morto", uma das obras de maior repercussão de José Lins do Rego. Nossa, estou pensando no livro, acho que esses pensamentos vão ficar na minha mente por um bom tempo. Confesso, que nunca fui muito interessado na literatura produzida no Brasil. Sempre achei os livros como "Dom Casmurro" de Machado de Assis e "O Cortiço" de Aluísio Azevedo, livros difíceis de serem lidos, talvez por causa do vocabulário, com palavras que nem têm mais nos dicionários, ou até mesmo o desenvolver das histórias das personagens.

Mas, depois de Fogo Morto, estou começando a gostar dos escritores brasileiros. Fogo Morto é simplesmente envolvente, rico em diálogos, as personagens são fascinantes, o leitor pode se identificar com uma deles, pois são pessoas comuns, sem muitas regalias, gente do povo.


(José Lins do Rego)

"Fogo Morto" vem de Engenhos que deixaram de funcionar, engenhos que pararam de moer cana-de-açúcar, que paralizaram suas atividades.

O livro divide-se em três partes, todas com 7 capítulos. A trama toda se passa na cidade do Pilar, cidade pacata, no interior da Paraíba, numa época em que o governo mandava e desmandava em todo mundo. A espessura do livro de início pode dar a impressão: "Eu não vou terminar de ler nunca." Mas demorei pouco mais de um mês. Comecei a lê-lo em 05 de outubro e terminei hoje. Aqui vou tentar fazer uma breve crítica sobre as três principais personagens do livro.



Mestre José Amaro - Artesão, homem de seu trabalho. O seleiro é a personagem inicial do livro, morador do Engenho "Santa Fé" possui uma esposa e uma filha, Marta, é tachado pelo povo de lobisomem, por possuir uma postura agressiva, sempre com respostas secas, homem de pouco falar, e possui hábitos noturnos. Sua filha é uma moça entrando na fase adulta, a menina enlouquece, mestre José Amaro vê-se obrigado a mandar a filha para o hospício. Mais tarde, como não bastasse a desgraça, é expulso do Santa Fé e é obrigado a deixar a casa que foi de seu pai. Contudo, não arreda os pés e encontra em um cangaceiro o capitão Antônio Silvino, a solução para esse problema. Vive sob a companhia de um negro bêbado o Passarinho. Ao final, é abandonado pela esposa que vai morar perto da filha, vê-se perdido neste homem, sem amor pelo que faz, sem ter motivos para sua exitência, se suicida com a faca de cortar sola para fazer arreios de sela.


(Mestre José Amaro e Capitão Vitorino interpretado no cinema)

Coronol Lula de Holanda - Uma figura rústica, arrogante, apresenta dupla personalidade durante a trama. O coronel Lula de Holanda é um homem importante, senhor de Engenho a beira da falência, casado com D. Amélia e tem uma filha, Neném, que é o motivo de sua existência. O coronel aparece no Santa Fé pela primeira vez no tempo em que este engenho era próspero e produtivo, sob o comando do sogro o coronel Tomás. O coronel Tomás morre de desgosto ao ver que o genro não levava jeito para senhor de engenho, sua esposa, mãe de D. Amélia, assume a posição de Senhora de Engenho. A sogra de Lula morre depois que Neném nasce. D. Amélia se entristece, pois perdera um filho e estava perdendo o amor do marido. O Coronel Lula vai vivendo às mínguas do que deixou o seu sogro, adquire epilepsia e não pode ficar nervoso, ou com raiva. Seu engenho é saqueado por Antônio Silvino, que acreditava que a família tinha ouro escondido na propriedade.


(Típica Casa de Engenho)

Capitão Vitorino - A figura mais marcante do livro, homem simples, opositor ao governo, tido como louco por alguns moradores do Pilar, tido como um homem de bom coração por outros. O capitão Vitorino Carneiro da Cunha é o típico brasileiro sonhador, aquele cara que quer transformar o mundo. O capitão não é rico, como os outros parentes da Várzea, que são donos de Engenho, mas como todo homem que se dê ao respeito Vitorino tem o seu orgulho. Tem uma esposa, D. Adriana, e um filho, Luis, que tem patente na marinha. Vitorino possui um apelido de que não faz gosto, o livro não descreve a sua origem, mas o povo o pertuba chamando-o de "Papa-Rabo", talvez por Vitorina estar sempre atrás de alguma figura importante. É um político atuante, sonha em transformar o Pilar. Vitorino nada teme, responde até mesmo com ignorância o capitão Antônio Silvino. O ápice da história de Vitorino é quando ele enfrenta o tenente Maurício, homem que a serviço do governo comanda sua tropa em busca de Antônio Silvino, o cangaceiro. Vitorino não é um camumbembe qualquer, é um homem de respeito, mas que de início o povo não leva tão a sério.

Acho que isso é Fogo Morto, um livro bom de se ler, apesar da história triste e dramática. Considerada a obra-prima de Lins do Rego, Fogo Morto é o romance da demência...

sábado, 14 de novembro de 2009

ENEM


"Estamos quase nas vésperas do ENEM, e sinceramente, me sinto tão desorientado, um tanto tenso. Pensei que quando fosse ser mais tranquilo. De uma hora pra outra me sinto como se fosse eu contra o resto do mundo, numa batalha sangrenta, onde vence quem for mais inteligente. O combate das mentes. É horrível ver o ENEM como uma espécie de carnificina, mas não vejo o ENEM como senão tal coisa.
O rigor das provas é o que mais me assusta. Eles não se importam com nossas condições financeiras, não se importam se temos que migrar para outras cidade para podermos realizar as provas, eles não pensam nisso! Na minha opinião, se queremos melhorar a educação a nível médio no Brasil, não é tornando o ENEM nessa guerra frustrante. Por que tudo isso?
Nosso futuro depende disso, nosso ingresso numa faculdade pública e consequentemente no mercado de trabalho depende unicamente disso.
O que podemos esperar? Será que vamos passar? Não deveriam pensar num sistema melhor de avaliação dos estudantes que querem iniciar uma vida universitária?"