sábado, 15 de janeiro de 2011

Sidarta (Herman Hesse)

Acabo de ler uma das incríveis obras de Herman Hesse, lançada em 1922 na Alemanha, chamada "Sidarta". A história se passa na Índia dos tempos de Gotama, o Buda. Parece inspirada na própria história de Buda, fala de um jovem brâmane que juntamente com seu amigo Govinda, abandona a casa paterna para viver pela selva como um "samana" asceta: nômade, livre de todo e qualquer bem material, vivendo das esmolas e bondade das pessoas.
Ao longo de sua trajetória Sidarta, o brâmane, percebe que na verdade foi apenas um receptáculo de conhecimentos que lhe foram transmitidos: orava, meditava, jejuava, estudava e prestava atenção aos ensinamentos dos mais velhos de seu grupo. Porém, não se contenta, quer mais, tem sede de sabedoria. Ouve falar de um homem magnifíco, que por meio de seus ensinamentos, arrasta consigo centenas de homens que buscam a redenção. Este homem se chama Gotama, o Buda, o santo, o mais puro entre os homens. Junto a Govinda, Sidarta larga o grupo de samanas e vai em busca daquele homem santo e do que ele tem para oferecer-lhe. Ao conhecer a doutrina do Augusto (o Buda), Sidarta ainda não se sente totalmente convencido, não se deixa levar pelos ensinamentos de Gotama, pois almeja a sabedoria e percebe que para obtê-la terá de ser uma espécie de autoditada. Parte, como que sem rumo, deixando seu amigo de infância para trás.
Diante de um belo parque, Sidarta se depara com aquela que seria sua mestra na arte de amar, Kamala, e com a qual passaria grande parte de sua vida. Por meio dela, conhece um comerciante rico, Kamasvami e ao ganhar a confiança do mesmo, também ele enriquece e conhece os prazeres mundanos: vinhos, jogos, passeios de liteira, etc.
Depois de um longo período e desencatado com a vida que levara, Sidarta se desfaz de tudo que consquistou, percebe como se tornara egoísta, grosseiro, alheio ao prático-sensível. Diante disso, parte para viver próximo a um rio na companhia de um balseiro que outrora havia lhe ajudado a atravessar a outra margem deste mesmo rio. Lá descobre que de sua relação com Kamala originou-se um filho homônimo
e com o qual mantém uma relação nada amistosa, pelo fato de o filho tratá-lo como inferior, desrespeitá-lo, abusar dele com seus caprichos, resultando na fuga do mesmo para a cidade.
Sidarta, agora um velho ancião, percebe o quanto aprendeu com o rio: tem novos olhares sobre as coisas, sobre as pessoas, sobre a vida. E que o tempo, na verdade não existe pois é como um rio: nasce e morre e ainda assim continua a existir... Tudo é presente, tudo é, tudo foi, tudo será...
É incrível como Herman Hesse, consegue com suas obras, tocar no mais profundo do sentimento humano. É impossível não ler Sidarta e não se identificar com uma de suas personagens. A riqueza dos detelhes, a simplicidade e ao mesmo tempo elegância com que escreve faz com que o leitor sinta-se atraído pela sua obra e preso a ela do início ao fim. Por essas e outras, Hesse foi aclamado com o Nobel de Literatura. Sidarta é um livro de fuga, de liberdade, de busca, obra indispensável para quem deseja tentar aproximar-se da incrível descoberta de si mesmo.